Alcançar o ideal de uma cidade inteligente é um processo que requer uma grande capacidade de liderança e visão a longo prazo.
As cidades da América Latina e do Caribe foram protagonistas de um dos processos de crescimento demográfico mais significativos do planeta, com grandes consequências para a sustentabilidade, a qualidade de vida e a competitividade desta região. Urbes como São Paulo ou a Cidade do México mostram que o planejamento estratégico permite que um rápido crescimento não deteriore o bem-estar de seus cidadãos. Um planejamento adequado permite solucionar os problemas de mobilidade urbana, saneamento, fornecimento de água potável, poluição ambiental, segurança, saúde e educação. Mas além de planejamento, é necessário utilizar todos os avanços tecnológicos para que as cidades sejam lugares melhores para viver e se tornem inteligentes, e os cidadãos encontrem respostas satisfatórias para suas necessidades.
Para os autores de Caminho para as smart cities: Da gestão tradicional para a cidade inteligente, uma publicação recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma urbe inteligente é aquela que coloca as pessoas no centro do desenvolvimento, integra tecnologias da informação e comunicação na gestão urbana e usa estes elementos para estimular a formação de um Governo eficiente. Cidades com estas características promovem um desenvolvimento integrado e sustentável e se tornam mais inovadoras, competitivas, resilientes e atrativas, melhorando, assim, a vida de quem vive nelas.
Alcançar o ideal de uma cidade inteligente é um processo que requer uma grande capacidade de liderança e visão a longo prazo. Na América Latina e no Caribe — a segunda região do mundo com maior número de habitantes a residir em cidades, com 80% — se deram passos importantes na planificação de cidades inteligentes em países como a Colômbia, o Brasil, as Bahamas e o México, entre outros. No caso da cidade de Medellín, na Colômbia, por exemplo, o Sistema Inteligente de Mobilidade gerou uma poupança na ordem de 20 milhões de dólares nos custos socioeconômicos em resultado de um menor número de acidentes de trânsito.
Cada cidade tem de enfrentar os seus próprios desafios e não existe uma fórmula mágica única que torne as cidades inteligentes, mas é verdade que estas têm em comum quatro características básicas que podem fixar o roteiro para aquelas que se encontram em processo de transformação. As cidades inteligentes são:
• Sustentáveis: usam a tecnologia digital para reduzir custos e otimizar o consumo de recursos, de modo a que a sua administração atual não comprometa o seu uso por parte das gerações futuras.
• Inclusivas e transparentes: criam e promovem canais de comunicação diretos com os cidadãos, operam com dados abertos e permitem fazer o acompanhamento das suas finanças.
• Capazes de gerar riqueza: oferecem uma infraestrutura adequada para a geração de empregos de alta qualidade, com ênfase na inovação, o que aumenta a competitividade e o crescimento dos negócios.
• Acolhedoras para os cidadãos: usam tecnologia digital para dar acesso rápido a serviços públicos mais eficientes.
A América Latina e o Caribe têm a oportunidade única de construir um novo modelo de urbanização no qual os governos, a sociedade civil e o setor privado façam uso da tecnologia para forjar cidades que melhorem a qualidade de vida dos seus cidadãos. Numa era em que tudo é inteligente, desde o telefone celular ao eletrodoméstico mais simples`, os dirigentes políticos devem demonstrar mais que nunca que possuem essa qualidade, para adaptar as cidades aos novos tempos.